O que há por trás do vazamento do gabarito da P2?

“O gabarito da prova foi vazado!”

Os bastidores da véspera da prova, impactos de uma possível anulação e casos graves semelhantes.

Na quinta-feira (16), véspera da P2, às 20h00, o gabarito contendo as respostas da prova – que abrangia as questões objetivas de geografia, química, biologia e sociologia – foi divulgado no próprio aplicativo da Arena, “eduCONNECT”. O incidente se deu por causa de um erro na programação das datas no sistema, no qual o horário preenchido estava correto, mas o dia foi trocado pelo anterior.

Após ficar disponível para todos os alunos acessarem por, aproximadamente, meia hora, o gabarito foi excluído da plataforma e logo se iniciou uma verdadeira força-tarefa a fim de reparar o dano. O trabalho do coordenador, de comunicar e instruir a função de todos, o dos professores, de procurar ou fazer novas questões, além de outras funções de outros funcionários envolvidos no processo, levou, sem dúvidas, bastante tempo, fazendo com que muitos dos que participaram acabassem suas tarefas de madrugada. Contudo, o esforço foi compensado quando, às 06h00, quando as avaliações foram levadas à gráfica para serem impressas e na hora da realização das provas definitivas, 14h30, já estavam prontas, sem defeitos, como se nada tivesse acontecido.

De fato, as provas reformuladas não só conseguiram ocultar o trabalho que coordenadores e professores tiveram, como também ocultaram toda a confusão misturada com histeria dos alunos, em decorrência da possibilidade de seu cancelamento. É certo que uma parcela esmagadora de estudantes torcia para que decidissem anulá-las; mas isso realmente seria o melhor a ser feito? Ao olharmos pelo ponto de vista de tal decisão tornar-se um pesadelo, tal mudança atrapalharia todo o calendário escolar, que já estava definido, obrigando o colégio a seguir o caminho desconfortável de um plano B. Ainda afetaria parte dos alunos, que teriam de comparecer em um horário fora da sua rotina para fazê-las, talvez prejudicando outras aulas extras importantes. Além disso, com o decorrer de alguns dias, o conteúdo estaria menos fixado na mente, ao contrário de quando o teste é aplicado próximo às revisões feitas pelos próprios estudantes ou pelos professores, em sala. Enquanto que, como um sonho, o adiamento permitiria mais tempo de estudo e amenizaria aquela sensação frequente do dia anterior à prova de “poderia ter feito mais” e, de quebra, uma tarde livre da tensão e estresse pós-prova.

Todavia, o que aconteceu foi apenas um descuido raro por parte do colégio, resolvido com sucesso no prazo determinado. Porém, isso não foi algo restrito ao Arena, pelo contrário, acontece com certa frequência em grandes vestibulares e da pior forma possível, quando, por exemplo, os gabaritos são vazados pelos próprios estudantes, apesar do ótimo sistema de proteção desses arquivos. Esse foi o caso do Enem de 2016 – Exame Nacional do Ensino Médio – cujo gabarito da prova azul de Ciências da Natureza e Ciências Humanas foi acessado por uma quadrilha, a qual informou antecipadamente o tema da redação e passou as alternativas certas para três candidatos, por um ponto eletrônico, no momento do exame. Todos eles e ao menos três integrantes do grupo criminoso foram presos, segundo dados do G1 e do CPP – Centro do Professorado Paulista. Em 2016, a prova não foi refeita, pois o gabarito foi vazado apenas para poucas pessoas, diferentemente do ano de 2009, quando o crime ocasionou o reagendamento da prova para dois meses depois, a demissão do então presidente do Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – e o indiciamento dos envolvidos. Ficando evidente, assim, a gravidade da liberação antecipada das respostas de vestibulares, dada a importância deles para os que desejam ingressar em uma faculdade, e a postura de igual seriedade do Colégio Arena, o qual sanou o impasse, sem causar prejuízos aos alunos.

Por:​
Fernanda Oliveira

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