“A última bolacha do pacote”, “A rainha da cocada preta”, “A Maria Joaquina”. Todos esses são sinônimos de “pick me”, uma nova categoria inventada recentemente para caracterizar principalmente as mulheres. Para você que está perdido, tem mais de 25 anos e baseia sua personalidade em ser “offline” ou se considera uma pessoa livre das garras mortais do TikTok, conceituarei esse termo em sua homenagem:
Pick.me. adj. 1. Aquela que quer ser escolhida, necessita de atenção.
Acredito que todos já tiveram contato com uma pessoa que se encaixa nessa definição. Às vezes você é essa pessoa, qualquer um pode ser. Chega a ser cômico como a seleção feita para definir quem merece carregar esse título vai depender unicamente do olhar que os outros têm, ou podem vir a ter, sobre o próximo. Por isso que a base desse conceito está no julgamento. Imagino que o seu sentimento agora seja de tédio só de pensar que esse texto será mais um sermão vindo de uma abençoada que se acha “A politicamente correta”, mas eu garanto que não tem problema você chamar qualquer garota de “pick me”, afinal, ela feriu seu ego.
Todos os estereótipos atualmente são cruéis, mesmo que eu não vá tão longe ao ponto de alegar que eles sempre possuem um fundo de preconceito. Digo isso, porque a complexidade humana é uma das nossas maiores virtudes e o que esses padrões fazem é colocar o conjunto de ações, falas, pensamentos e comportamentos derivados das profundezas da mente em uma caixinha bem pequena capaz de evidenciar apenas uma máscara em preto e branco. Ou seja, provavelmente aquela “pick me” que você tanto observa, apesar de não gostar dela, possui uma profundidade que faz sentido para todos que a enxergam de outra forma. A única falha desse pensamento é que, como eu disse antes, a máscara evidenciada nem sempre é produzida pelos olhos de quem vê, muitas vezes ela já está colada naquele rosto, fazendo com que não seja responsabilidade nossa ver através dela.
De um modo mais simples, encaixar pessoas em estereótipos facilita a nossa vida de juiz, até porque pessoas rasas merecem um “julgamentozinho”, né? Tá bom, você entendeu tudo isso, mas não achou estranho que são sempre mulheres que são “pick me”, desesperadas por atenção, fúteis e superficiais? Sinceramente, não tenho energia para entrar nessa discussão, mas como a sábia Joanna Moura, colunista da Folha de São Paulo, disse: se basta um olhar para causar medo numa mulher, basta muito menos para causar medo em quase toda a classe masculina.
Apesar de tudo isso, a Maria Joaquina ainda nos irrita. E sim, é culpa dela que nós incentivamos a rivalidade feminina e criticamos a mulher que se destaca só porque não podemos ser igual a ela.