Tira, então, mundo, o ar dos meus pulmões,
Pode verter toda a vista do meu quarto em bolha e breu.
Achei em uma noite todo o ar que quero,
Quero cansar-me de ser tudo menos eu.
Mas as estrelas passam, e a noite – lenta – vai saindo de cena.
A luz arranha pela janela e espia o quarto.
Um bocejo mundial acorda tudo que eu poderia ser:
Máquina, pássaro, mágico, príncipe, máximo.
A porta se abre num rangido universal,
E o espelho me mostra um segredo animal,
E o meu quarto se quebra como um vaso.
Aquela noite já passou e não volta mais.
Agora, quero me cansar de ser eu mesmo.
Quero cansar de ver a manhã se descobrir toda
E derramar sua luz de mel sobre os topos dos prédios.
Quero cansar de ler os poemas doidos
E de rir e chorar como quem os têm lido.
Quero cansar de esperar tudo passar.
Mas não consigo, nem quero parar.