Visão de jogo: um panorama da base ao profissional do vôlei em Goiás

No ano de 2024, os times de voleibol feminino e masculino do Colégio Arena conquistaram grandes resultados nos campeonatos disputados. Em junho, a equipe feminina sub-18 foi campeã da segunda etapa da Liga Supervolei HM Sports, um torneio composto por, majoritariamente, times de clubes de todo o estado, e não necessariamente apenas times escolares. Na final, o Arena bateu de frente contra o Vila Nova, um dos principais clubes do estado atualmente, conquistando a medalha de ouro em uma campanha invicta.

Em novembro, a equipe feminina do colégio, na quarta etapa da Liga HM, também garantiu medalha, conquistando o bronze na divisão mais alta do campeonato!

 

Além disso, as equipes do colégio disputaram a Liga Goianiense Escolar— que iniciou no final de agosto de 2024 e foi finalizada no começo de dezembro—, a qual conta com a participação de estudantes de várias escolas de toda a cidade. Os jogos desse campeonato foram todos transmitidos no canal de Youtube da Winner Sports Tv Play. Ainda vale acrescentar que o Arena sediou quatro rodadas do torneio, incluindo os jogos de disputas de medalhas, que renderam partidas emocionantes e “suadas”. Em 2023, o Colégio Arena conquistou o primeiro lugar masculino na divisão sub-18 e o vice-campeonato no feminino sub-18 da Liga Goianiense Escolar de Voleibol. Já em 2024, o Arena permaneceu entre os melhores da liga: a equipe masculina sub-18 foi vice-campeã e a feminina sub-18 levou o bronze para a escola.

Esses resultados são reflexos do trabalho de excelência realizado pelo treinador do time de vôlei do ensino médio da escola, Sebastião Júnior, e do comprometimento dos alunos e das alunas que fazem parte da equipe em buscar de conquistar grandes títulos para o Arena. Esse histórico de triunfos mostra que a equipe de voleibol vem construindo um legado ao colégio para além dos incríveis resultados acadêmicos, colocando o esporte como um dos vários pontos fortes da escola e evidenciando que a prática dessa atividade é bastante valorizada e vitoriosa dentro dela.

Alto rendimento

Enquanto isso no vôlei profissional, o Estado de Goiás vive um momento de ascensão para o desenvolvimento e para a valorização do voleibol profissional goiano, já que, em abril de 2024, dois times do estado— o Saneago Goiás Vôlei e o Neurologia Ativa— protagonizaram a final da Superliga B de Voleibol, no Ginásio Goiânia Arena, diante de um notável público de 7 mil pessoas. Ao disputarem a final, ambas as equipes garantiram suas vagas na elite do vôlei profissional nacional na Superliga A.

Primeiro jogo entre Goiás e Neurologia na Superliga A. Foto: instagram do Neurologia Ativa

O jogo da final entre essas duas equipes foi bem disputado e contou com a vitória do Saneago Goiás por 3×1 sobre o Neurologia. Segundo a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), essa foi apenas a segunda vez que um time goiano conquistou a taça depois de uma longa espera de 11 anos quando o Alfa/Monte Cristo chegou ao topo em 2013. 

Após esse momento de êxtase e grande orgulho goiano, para disputarem e se manterem no mais alto nível do voleibol brasileiro, os times estão trabalhando duro para conseguir enfrentar as melhores equipes do país na divisão A que foi iniciada em outubro de 2024 e continuará até março deste ano. Todavia, no mundo do esporte, não basta apenas força de vontade para tentar alcançar bons resultados: é preciso de patrocínio. Esse elemento é crucial para garantir os salários dos atletas e da comissão técnica, além de permitir uma boa infraestrutura e um bom suporte para preparação física deles. O Saneago Goiás Vôlei tem uma base estável de patrocinadores. Já o Neurologia Ativa, conforme dito pelo presidente do clube, Sávio Beniz, em uma entrevista dada à Rádio UFG, enfrentou dificuldades de investimentos no projeto e declarou que o cenário era “insustentável”. Com isso, o clube chegou a anunciar sua desistência da Superliga A, mas, horas depois, voltou atrás e seguiu em frente em busca de empresas que acreditam no time.   

Com ainda nenhuma vitória no campeonato, o Neurologia Ativa, felizmente, já conseguiu algumas poucas, mas importantes parcerias para, pelo menos, continuar participando da disputa da elite do vôlei. Contudo, é lamentável o time ter que fazer um anúncio de saída da competição para tentar atrair, de maneira desesperada, apoiadores financeiros do clube. Essa situação mostra que o voleibol goiano ainda passa por grandes dificuldades de ser realmente reconhecido e valorizado pelo próprio estado. 

O time do Saneago Goiás já conseguiu vitórias na Superliga, inclusive sobre times que vêm se mantendo entre os cinco melhores, o que torna as conquistas do Goiás símbolos de grandes resultados para a equipe e mostra que ela ainda tem muito a entregar durante o torneio. 

Mesmo com vitórias significativas que mostram que o voleibol goiano pode, sim, ser uma potência do país, descentralizando o domínio dos times da região Sudeste, o clube está alternando entre as últimas posições e tentando defender-se da zona de rebaixamento, juntamente ao Neurologia. Porém, ambas as equipes do estado ainda têm vários jogos pela frente e, por isso, não se deve desacreditar em uma permanência na Superliga A.

E a presença das mulheres?

Na Superliga A Feminina, apesar da competição contar com a participação há alguns anos do time Brasília, ele é o único representante do Centro-Oeste, visto que não há equipes goianas na elite do vôlei feminino. Isso já levanta outra questão: a falta de projetos profissionalizantes para mulheres do estado que está atrelada ao baixo investimento em times femininos. Ou seja, se o apoio financeiro de times profissionais masculinos que conquistaram um feito histórico de irem para o topo desse esporte juntos já é baixo, a valorização e o apoio dado a equipes femininas é, praticamente, inexistente.       

Depois desses momentos de debate e     reflexão, confira abaixo uma enriquecedora entrevista com o professor do time de voleibol do Colégio Arena Sebastião Júnior, a qual abordou todos os assuntos acerca das conquistas das equipes da escola e, também, sobre as participações goianas na Superliga A. Confira:

Júnior, primeiramente, como você avalia o desempenho dos times de vôlei do colégio no ano de 2024? 

Foi fantástico para a equipe de vôlei do colégio, tanto masculina quanto feminina. Conseguimos obter resultados importantes e expressivos nas competições que participamos. 

Quais são as expectativas para os próximos campeonatos que a escola participa?

As expectativas são de crescimento, não só em resultados, mas, principalmente, enquanto um time unido e coeso. 

Você tem acompanhado o começo da Superliga A? Você espera uma boa campanha dos times goianos?

Tenho acompanhado alguns jogos das duas equipes e torço para que façam o melhor e alcancem seus objetivos de permanecer na elite do vôlei.

Você enxerga essa participação goiana na superliga como porta de entrada para a profissionalização dos jovens atletas do estestado?

Sem dúvidas, a política da CBV contribui para isso, pois os times precisam manter as equipes de base e isso é fundamental para o desenvolvimento futuro do voleibol aqui no estado. 

O que você acha que deveria ser feito para que o vôlei do estado seja realmente reconhecido, valorizado e para conseguir mais espaço no vôlei profissional do país?

Aumento de investimentos, principalmente na base. Investimento de todas as esferas do poder público e, também, do setor privado. Manter uma equipe de alto nível é caro e as mesmas não conseguem se manter sozinhas.

               

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Match Point

Portanto, como afirmou o professor, as equipes de voleibol não conseguem se sustentar sozinhas e precisam de todo o tipo de apoio financeiro. Contudo, esse investimento só será efetivado caso haja uma mudança significativa na valorização e no reconhecimento desse esporte em Goiás por parte das autoridades administrativas do estado e das empresas privadas. Somente assim, os times conseguirão representar, dignamente, o estado na maior competição de voleibol do Brasil.

Por:​
Isadora Laís

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