Um futuro diferente de nossos pais

As ambições da nova geração

Se você está entre os usuários do aplicativo chinês TikTok, provavelmente já ouviu falar da influencer fitness “Manu Cit”, que compartilha em suas redes sociais seus hábitos diários. O sucesso da garota na internet é resultado da ascensão do incentivo de práticas que valorizam a saúde, como uma melhor qualidade de sono, uma alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos. A verdade é que a geração Z está desenvolvendo hábitos muito diferentes das gerações anteriores, apesar do que muitos pensam, tais hábitos vão muito além de conquistar um corpo perfeito, os jovens estão cultivando interesses distintos de seus pais: a nova onda é o bem estar e a qualidade de vida.

 

Para entender um pouco melhor esse movimento, utilizamos como base a europa ocidental, que já enfrenta os efeitos das novas reivindicações dos jovens que ingressam no mercado de trabalho. Fazendo uma rápida análise das gerações passadas é possível concluir que a vida ideal, para maioria das pessoas, seguia um curso simples: fazer faculdade, encontrar um emprego no qual passariam 70% do tempo, se casar, comprar um carro e uma casa, ter filhos e se aposentar quando a idade chegasse. Entretanto, a nova geração não segue essa mesma linha de raciocínio. Os interesses agora são outros: as pessoas estão muito mais interessadas em aproveitar o que a vida tem a oferecer, viajar, conhecer pessoas, e encontrar um emprego que consiga lhes oferecer uma vida saudável. Não existe mais uma ambição por ser promovido, para ter a melhor casa ou carro, ou para necessariamente se comprometer com um casamento, ter filhos passa a ser uma incerteza. Mas por que isso acontece? e quais são as consequências dessa mudança?

 

Com a globalização, o mundo se torna cada vez mais conectado, sendo possível transladar de uma região a outra do globo muito mais facilmente, além da conexão através da internet que acaba deixando tudo mais fácil. É assim que, com a chegada da pandemia, ocorre uma revolução no mercado de trabalho em que a mais jovem PEA (população economicamente ativa) se da conta de que não existe compensação para se matar de trabalhar, principalmente em uma sociedade que tanto valoriza a saúda mental. As pessoas passam a perceber que é perfeitamente possível manter uma boa qualidade de vida e uma elevada produtividade com uma menor escala de trabalho, valorizando, inclusive, o trabalho remoto.

 

Outras consequências enfrentadas pela geração Z após a pandemia do COVID-19. Além da normalização da realização de atividades cotidianas através do meio digital, como fazer compras ou participar de uma reunião de trabalho, a pandemia também deixou a economia em uma situação delicada: inflação imobiliária e falta de oportunidades no mercado de trabalho. Hoje, em São Paulo, se tornou inacessível para a maioria dos jovens comprar uma casa própria devido aos preços altíssimos de uma moradia de qualidade. Em suma, não é possível exigir de uma geração a formação de uma família, quando a mesma não tem recursos suficientes para sustentar a si mesma.

 

De forma resumida, quem enfrenta as problemáticas dessa mudança de interesse são as gerações anteriores que precisam de uma população jovem e motivada para substituí-las e sustentá-las em um futuro próximo. Os COO ‘s de agora se preocupam em encontrar alguém que tenha interesse em ocupar suas posições, mas, ao contrário de alguns anos atrás, posições de cargos elevados não são mais tão chamativas aos jovens se isso significa abdicar de parte significativa de suas vidas. Além disso, com o baixo interesse em ter filhos, a PEA está em constante decréscimo, ou seja, pela primeira vez no mundo, mais pessoas morrem do que nascem.

 

Em síntese, a tendência da geração Z em priorizar o equilíbrio pessoal em prol de outras exigências da sociedade causou um dilema que aflige toda uma teia geracional.

 

Por:​
Valentina Ferreira

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